Abrem-se as cortinas. No Palco das Águas um passeio entre a leveza da música instrumental de Murilo Martinez e o canto crítico do pernambucano Lenine. A última noite do 20º Festival de Inverno de Bonito presenteou o público com muita música boa que levaram os espectadores a uma viagem artística impressionante.
De Três Lagoas, Murilo Martinez trouxe para o Festival o Projeto Duon, que é uma mistura da técnica do violão fingerstyle, na qual se toca o instrumento fazendo a harmonia, melodia e ritmo ao mesmo tempo, com as influencias sul-mato-grossenses. O resultado é uma música carregada de poesia com referências do jazz, blues, country, pop e celta.
Com sua habilidade musical, Murilo tocou suas próprias composições e algumas músicas homenagearam o Mato Grosso do Sul, Três Lagoas e também o poeta Manoel de Barros. Mesmo já tendo tocado em outros países como a Alemanha, Martinez nunca deixou de incluir em seu som muitos elementos das raízes culturais do Estado.
Para fechar a programação musical do FIB, Lenine volta à Bonito após 10 anos de sua última apresentação na cidade. Com o projeto “Em Trânsito”, o artista pernambucano traz um amontoado de canções que são narrativas dos tempos atuais, com críticas à arrogância e à intolerância, que segundo Lenine, são comportamentos que estão muito presentes na sociedade de hoje. “Tudo aquilo que me incomoda termina sendo matéria para minhas canções. O fato da canção intitulada Intolerância ser uma das principais do disco não é por acaso. É uma crítica a esse universo tão carregado de egos em que vivemos nos dias de hoje”, afirmou.
Além de apresentar as canções do novo álbum, Lenine desfilou no palco músicas conhecidas que levaram o público a cantar junto com ele. Paciência, Hoje Eu Quero Sair Só e Tubi Tupy foram alguns dos hits do cantor apresentados no show. Um espetáculo à parte foi a interação de Lenine com os músicos da banda, que em determinados momentos fizeram duelos de instrumentos e levaram a plateia ao delírio.
Lenine, ao encerrar o show, lamentou, com bom humor, ter ficado 10 anos sem pisar no palco do festival. “Não quero esperar mais 10 anos para vir a Bonito para esse Festival. Podem me convidar a cada cinco anos pelo menos”, disse o cantor destacando a importância de eventos como o FIB para o fortalecimento o da cultura e para a formação de plateias qualificadas.
E fecham-se as cortinas. Agora, só em 2020.
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Texto: Eliane Nobre
Fotos: Aurélio Vinícius