Bonito (MS) – Fazer reencontro com a nossa sombra… Sombra primitiva do nosso ser. O que ela tem para nos falar? Para quem quer entender um pouco mais sobre o teatro de sombra contemporâneo, não pode se abster de reflexões como essas e nem deixar de assistir o espetáculo “Iara – O encanto das águas”, da Cia Lumiato de Brasília, uma das atrações do 20º Festival de Inverno de Bonito. Os sombristas Thiago Bresani e Soledad Garcia vieram a Bonito trazer o universo fantástico e mágico que o jogo de luz e sombra é capaz de construir para o olhar dos espectadores. E ainda explicou suas técnicas na oficina “A sombra: princípios básicos para seu uso na cena teatral”, ministrada no auditório da Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio de Bonito, nas atividades culturais pré-festival.
“Hoje não prestamos mais atenção na sombra. O tempo na sombra é diferente para se chegar à pausa dramática. Ele é mais prolongado. E a visão periférica é muito importante para se trabalhar com o teatro de sombra”, explicou a sombrista Soledad. E Bresani complementa: “Para se utilizar a sombra de uma forma poética é preciso saber se localizar no cone de luz”.
Thiago e Soledad vieram da Argentina em 2012 e para apresentarem um trabalho diferenciado no Brasil, resolveram se especializar no teatro de sombra contemporâneo, que exigiu uma intensa pesquisa de temas e técnicas que vêm aperfeiçoando no decorrer de cada espetáculo criado. “Aqui na América Latina tivemos que adaptar nossos espetáculos a uma estrutura mais compacta, para não ficar muito caro para circular com os espetáculos”, comentou Soledad. Mas o casal têm uma sintonia tão profunda com o trabalho que fazem que conseguem superar as limitações da realidade da produção artística da América Latina com uma criatividade que encanta o público. Soledad e Bresani fizeram os participantes das oficinas voltarem ao imaginário da infância pela simplicidade da estrutura que utilizam. Quem nunca brincou com a sua sombra? O resultado magnífico da arte que fazem, pode ser conferido no dia 25 de julho, na Caixa Cênica, às 16h30.