Da plateia, olhando para o palco, vejo corpos que se movimentam formando linhas sinuosas em sintonia direta com as ondas sonoras que dali surgem e se expandem por todo o espaço do show. Ao meu lado, Maria abraça a namorada e dança. Já a minha frente, um sul-mato-grossense em movimento beija na testa uma senhorinha, provavelmente sua avó. No fim de tudo, ainda me deparo com a atração principal da noite indo embora para cumprir seu compromisso.
A noite de quinta-feira (24) no Festival de Inverno de Bonito 2023 foi embalado por muita música e atividades culturais e sociais. No palco CMU, montado na região central da cidade, próximo à Praça da Liberdade, o jovem quarteto do Bala Desejo mostrou todo o seu talento para quem ali quisesse absorver aquela energia tão familiar, mas tão única. Plural e singular, simultaneamente.
Assistiam a tudo aquilo seu antecessor no palco, Matu Miranda, e os que viriam a sucedê-los já no palco principal, Paulinho Moska e Maria Gadú. A musicalidade da Bala Desejo é mesmo imperdível e sem dúvida merecedora de, em tão pouco tempo, já ter ido tão longe – no currículo já acumulam Rock In Rio, Coala Festival e indicações ao Grammy Latino e Prêmio Multishow, entre outros.
“Bala Desejo é bastante coisa”, responde o integrante Zé Ibarra quando o pergunto sobre o que é Bala Desejo, me referindo a pluralidade de gêneros do conjunto, citando Novos Baianos e Bossa Nova. “Passa por aí, mas não se resume a isso. Vai para muitos lugares. Por sermos quatro, já não seriamos uma coisa só, e cada um é muito diverso dentro de si. Então acabou que ficou uma coisa ampla”, conta Ibarra, que cita influências até da música disco e de Michael Jackson.
“Tem bastante coisa. Mas isso não é algo que nos preocupa muito, pois a gente faz a música por uma vontade de fazer música, sem pensar no que ela soa. É só para ser o que ela é, música”, finaliza Zé, seguindo o ping-pong para um próximo integrante.
O ‘start’ da formação do grupo nasceu em meio a pandemia, em 2021. Os integrantes foram morar juntos a convite de Julia Mestre. “Tínhamos projetos diferentes, mas por causa das lives que fizemos naquele período, recebemos o convite para criar o Bala Desejo, e ali começamos a compor juntos. Veio da nossa troca natural musical. Tudo estalou daí”, conta Dora Morelenbaum.
A terceira e última pergunta quem responde é Lucas Nunes. Indagado sobre como conseguir um som singular, do ponto de vista de ser único, da Bala Desejo, e ao mesmo tempo plural, abordando em suas músicas tantas vertentes, ele frisa: “creio que isso ocorre principalmente por causa do nosso tempo de convivência, do tempo já que nos conhecemos. Desde o início da nossa amizade a gente vem trabalhando essas misturas musicais, o que cada um de nós tem a influenciar o outro, agregar”.
O trabalho do quarteto carioca Bala Desejo continua, deixando em 2023 um pouco de sua essência no Festival de Inverno de Bonito, marcando assim seu nome no palco de um dos festivais mais tradicionais do Mato Grosso do Sul e do Centro-Oeste brasileiro.
O evento vai até domingo (27) e a programação completa pode ser vista no site http://www.festivaldeinvernodebonito.ms.gov.br
Confira as fotos: https://www.festivaldeinvernodebonito.ms.gov.br/show-bala-desejo/
Nyelder Rodrigues, Ascom FIB 2023
Fotos: Saul Schramm