(Bonito -MS) O Café Filosófico do 19° Festival de Inverno em Bonito, trouxe uma harmoniosa roda de debate com o tema “Mulheres na Literatura de Mato Grosso do Sul – A produção literária feminina”, na tarde desta sexta-feira (27), na Casa da Memória Raída, reunindo professores, estudantes, gestores culturais, escritores e amantes da literatura em geral.
O encontro deu destaque a mulheres importantes que atuam na literatura sul-mato-grossense, como a jornalista Evelise Couto, coordenadora do Projeto Nacional Leia Mulheres, Gleycielli Nonato, escritora indígena da etnia Guató, poetisa e declamadora da cidade de Coxim, Tânia Souza, autora do livro “Estranhas Delicadezas”, Tatiane de Conto, psicóloga e atriz pesquisadora da obra de Lídia Baís e a escritora Janet Zimmerman, vencedora do Prêmio Guavira de Literatura 2017, na categoria poesia, com o livro “Pétalas Secretas”.
Em tempos onde debater o empoderamento feminino se faz urgente e necessário, as participantes relataram preconceitos sofridos por serem mulheres no setor da literatura.
“Fui discriminada no início da minha carreira como escritora quando escrevia contos de terror. Não era comum mulheres escreverem sobre terror, tive resistências nessa fase por ser mulher. O mesmo aconteceu quando escrevi ficção científica, são pouquíssimas mulheres que escrevem e ainda há preconceito”, contou Tânia Souza.
Tatiane de Conto, que ganhou destaque por contar a história de Lídia Baís, lembrou da importância do Fundo de Investimentos Culturais (FIC) para os escritores sul-mato-grossenses: “Eu conto a história de outras mulheres, mas também conto da minha, quero destacar aqui a importância do FIC para nós, temos um instrumento público para dar vida a nossas produções, isso nos dá um espaço e liberdade para criar”, opinou Tatiane.
Também contemplada pelo FIC, a escritora Gleycielli Nonato, lançou na ocasião seu novo livro sobre folclore regional: Vila Pequena – Causos, Contos e Lorotas. “Considero este livro minha conquista como escritora, pois consegui juntar histórias de mulheres antigas da cidade e da zona rural, preservando sua regionalidade local, desde a parte indígena a parte pantaneira, tudo na visão delas mesmas”, explicou Gleycielli, que venceu a 25º Noite Nacional da Poesia, com a poesia ‘Índia do Rio’.
Texto: Alexander Onça