O palco escuro envolto por cortinas pretas estava prestes a desvendar o que faria olhos infantis brilharem por quase uma hora. Eis que ali entra um cidadão de nariz vermelho, gravata desornando com a camisa e um sapato surrado muito maior que seus pés, certamente. Mesmo com poucas palavras, logo de pronto ele ganhou um longo sorriso do menino sentado no canto direito da plateia, na primeira fileira de cadeiras – aos cinco anos, era sua primeira vez no circo.
A magia circense contagiou pequeninos e grandões, trouxe a tona o riso fácil e ingênuo, a alegria da infância a adultos envolvidos no trabalho ou cuidando dos filhotes que ali estavam. Mesmo fora da tradicional lona, o palhaço, a ilusionista e até a garota do bambolê dominaram o público e arrancaram aplausos e até pedidos de fotos ao final das apresentações.
Onde mais em plena tarde de quarta-feira (23) você iria se divertir assim? A oportunidade, uma entre tantas outras que ocorrerão até domingo (27) aconteceu na Caixa Cênica do Festival de Inverno de Bonito 2023. O espaço foi montado na área central da cidade, próximo às demais atrações.
“Eu gostei de tudo. Foi muito legal e minha mãe tirou minha foto com o palhaço. Eu vou guardar comigo”, confidencia João Lucas, que no auge dos cinco anos de idade foi o mais falante das apresentações e, no final, ainda tentou fugir ao menos duas vezes deste repórter que vos conta a história. Animado com tudo o que viu, ele queria ir logo embora para brincar.
Aliás, não teve criança que dali não saísse animada. “O que eu mais gostei foi o palhaço. Ele foi bastante divertido e eu saio daqui bem feliz”, revela a pequena Maria Fernanda, de sete anos. Essa não foi a primeira vez dela em apresentação circense, mas mesmo assim a alegria foi grande.
“O circo na minha família veio para cá com meu avô, que era da Espanha. Ele já faleceu, mas mexia com touradas, tinha uma parte meia cigana. Na época ainda era misturado. Circo e teatro surgiram do mesmo tronco, aí depois que foi separando. Eu sou a sexta geração circense na família, que já está na sétima, minha filha”, conta o irreverente palhaço Pipokinha.
Com 32 anos, todos eles dentro do circo, Pipokinha mora em Mato Grosso do Sul e estreia em Brasilândia na próxima semana suas atrações, onde a lona já começa a ser erguida. “Meus tios, minha mãe, todos aprendemos de tudo um pouco, tanto para se apresentar como a manutenção da estrutura, montagem e desmontagem. Hoje trabalho com cerca de 14 pessoas, que são da família, de um primo meu casado, e ainda dois funcionários”, completa o palhaço.
A origem do nome artisto é clássica: sua clara preferência pelas pipocas. “Meu tio fazia esquete cômica e eu entrava no palco, ainda com meus dois aninhos, carregando um saco de pipocas nas mãos. Meu tio falava, ‘lá vem ele com a pipoca dele”, aí foi indo, virou ‘lá vem o pipoquinha’ e assim fiquei conhecido, nome que carrego na minha arte até hoje como palhaço Pipokinha”, conclui.
Festival une cultura, cidadania e sustentabilidade
O Festival de Inverno de Bonito 2023 carrega consigo a ‘pegada sustentável’ e a transversalidade de unir setores muitas vezes semelhantes no papel, mas que na prática se mostram muitas vezes antagônicos, como a cultura e a cidadania, por exemplo. Práticas sustentáveis são o principal carro-chefe do evento, que acontece até domingo na região central de Bonito.
A programação completa e os principais acontecimentos no evento podem ser conferidos no portal http://www.festivaldeinvernodebonito.ms.gov.br
Confira as fotos: https://www.festivaldeinvernodebonito.ms.gov.br/circo-show-do-pipokinha/
Nyelder Rodrigues, Ascom FIB 2023
Fotos: Bruno Rezende