No último dia de Festival, em uma bela tarde de domingo (27), no auditório da Prefeitura de Bonito, foram exibidos ao público três documentários, um deles produzidos em Mato Grosso do Sul. As produções audiovisuais “Banho de São João – nas águas do Rio Paraguai”, “Anderson” e “Trindade” encantaram as pessoas presentes.
“Banho de São João – nas águas do Rio Paraguai” foi produzido em 2018 como parte do processo de registro do Banho de São João de Corumbá/Ladário em Mato Grosso do Sul. A direção é da produtora audiovisual Elis Regina Nogueira, com produção da professora Luciana Scanoni.
O dossiê de registro foi elaborado a partir da parceria entre o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Su), tendo como coordenador da pesquisa o Prof. Dr. Álvaro Banducci Júnior. O Banho de São João está registrado pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil desde 19 de maio de 2021.
O documentário Banho de São João nas Águas do Rio Paraguai narra, através dos depoimentos das festeiras e festeiros os milagres, as rezas, novenas e os cortejos que levam os andores de São João de suas casas e terreiros até às margens do Rio Paraguai. “Eu falo que São João não é lenda, é uma tradição. O que vem do coração, que você pede com fé, a gente consegue”, diz a festeira Vera Lúcia Messias, em seu depoimento ao documentário.
Este documentário sul-mato-grossense foi o primeiro a ser exibido e o que mais encantou o público presente. Anahi Gomes Banducci, de 13 anos, tem uma história pessoal com a festa do Banho de São João. “Achei o documentário muito bom. Eu sou promessa de São João. Meus pais queriam muito ter uma filha e prometeram para São João que iam no rio dar o banho, por sete anos, e até hoje eles fazem e, desde pequenininha, eu vou para lá, me divirto muito, é uma coisa incrível”.
Sua amiga Valentina Peixoto de Oliveira Leite também fez questão de dizer suas impressões sobre o documentário e sobre a festa do Banho de São João. “Eu acho a festa de São João muito legal porque abrange muitas culturas diferentes, várias religiões e a maioria comemora a festa de São João. Acho legal trazer essa cultura diferente para cá”.
A artista de Bonito Buga Peralta não cabia em si de tanto contentamento. “Eu fiquei impactada, emocionadíssima, eu não imaginava a força desse trabalho, a emoção que ele ia me causar. É uma obra que todo o Brasil devia assistir. O que faz o Festival valer é esse tipo de coisa forte do nosso Estado. É maravilhoso, eu nem sei o que dizer de tão emocionada que fiquei”.
Logo depois foram exibidos os curtas-metragens brasileiros “Trindade” e “Anderson”, selecionados pela curadoria do Núcleo de Audiovisual da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Ambos possuem uma narrativa sensível, inclusiva e com personagens comuns, com vidas reais.
Anderson conta a história de um brasileiro de meia idade que tem paralisia cerebral. Ele foi convidado para fazer um curta metragem e só aceitou se o filme não fosse um drama. Ele conta com o companheirismo de seu irmão e a paixão pelo seu time para tentar atingir esse objetivo.
Já Trindade é uma mulher que ouve os ecos da escravidão desde menina. Agora, é ela quem canta.
A responsável pela seleção dos filmes, coordenadora do Núcleo de Audiovisual da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Lidiane Lina, diz que neste ano, no Festival de Inverno de Bonito, as exibições audiovisuais estiveram presentes em diferentes espaços, como o distrito Águas do Miranda, Assentamento Guaicurus, Praça da Marambaia e o Plenarinho da Prefeitura.
“São curtas e média-metragens do gênero documentário que mostram a vida, a crença, a cultura, e estilo de vida de personagens das comunidades tradicionais, rurais e urbanas. Foi uma mostra querida e próxima do cotidiano dos bonitenses”.
“As produções audiovisuais não são apenas uma forma de expressão cultural, mas também um meio de representação. Através de um filme ou vídeo representa-se algo, seja uma realidade percebida e interpretada, ou mesmo um mundo imaginário livremente criado pelos autores. Dessa forma, a mostra audiovisual traz a possibilidade de poder conhecer realidades distintas e fazer uma reflexão sobre diferentes Brasis”, finaliza Lidiane.
Karina Lima, Ascom FIB 2023
Fotos: Bruno Rezende