Na década de 40, um senhor magro, de estatura baixa, cabelos e olhos claros utilizando roupa larga e mantendo o braço esquerdo sempre coberto chegou a cidade de Bonito cercado de mistérios: não falava, sua origem era desconhecida, se comunicava apenas com gestos e não aceitava comida de ninguém, apenas se alimentava de frutas, peixes e mel.
Conhecido como Sinhozinho, ou Mestre Divino, ensinava as pessoas a plantar e colher e também atuava como curandeiro. Em suas sessões de cura, utilizava apenas cinzas e água para fazer os atendimentos e logo foi taxado de curandeiro pelos moradores da região e começou a atrair um grande grupo de pessoas que o acompanhavam.
Um pouco dessa história é contada pela artista plástica sul-mato-grossense e índia kadiweu Buga Peralta, em sua instalação Sinhozinho, montada na avenida Pilad Rebuá, próximo à Praça da Liberdade e uma das atrações do Festival de Inverno de Bonito 2022.
“Essa é uma história linda e pouco contada. O que eu pretendi foi um verdadeiro mergulho no imaginário, para que as pessoas que vêm de fora conheçam a história desse homem, que foi um pacificador, um humanizador que viveu na década de quarenta, época da Lei do 44. Eu pretendo que a cidade se aproprie um pouco mais dessa história”, afirma Buga Peralta.
De acordo com a artista plástica, a história do Sinhozinho “é uma riqueza para o nosso município. Turisticamente falando, ela ainda é pouco explorada. Eu gostaria que, a partir de agora, tivesse um despertar, para que ela seja contada todos os dias, para que explorassem mais a romaria que acontece todos os anos, para movimentar a cidade também com turismo religioso. É um público muito grande e eu gostaria muito que isso acontecesse”.
Buga informa que deverá começar agora a fazer mais produtos para valorizar e disseminar a história do Sinhozinho. “Eu quero desenvolver um Sinhozinho de argila, fazer uma linha de camisetas. Temos um produto maravilhoso, ainda pouco explorado”, finalizou a artista.
Marcelo Armôa, FIB 2022