Pés agitados em ritmo musicalmente coordenado entregam a preferência de uma senhora pelo som que o DJ escolheu. Na faixa seguinte quem balança as pernas junto à performance é o rapaz já claramente na meia idade. A cada estilo diferente tocado, uma reação diferente de pessoas diferentes. É a música unindo gerações, classes e gêneros, unindo os diferentes como iguais.
Aplausos! “Wow”, grita o público. O hip hop foi apresentado em seus 50 anos de história com danças, desafios e o ritmo que só o hip hop e suas inúmeras influências possibilitam. O coletivo Backstage of the Soul é que conduziu a sinopse sonora de um verdadeiro livro em capa dura, aberto.
Os caminhos percorridos e suas influências para que o hip hop chegasse onde chegou mostraram na noite de quinta-feira (24) na Praça da Liberdade, um dos corações do Festival de Inverno de Bonito 2023, que o estilo musical está mais presente na vida de muitos do que se imagina.
“A gente lembra da nossa juventude quando vê aqueles passinhos. Não tem como não lembrar. É um estilo musical com muitas influências e que mesmo sem saber, a gente já dançou”, comenta o casal Jorge Brezolim e Maria Helena Moraes, que abraçados curtiram a apresentação.
Mas há uma nova geração chegando aí que vê o hip hop “a olho nu” pela primeira vez. “Eu já tinha visto no YouTube, mas assim na minha frente é a primeira vez. Achei bem legal e agora quero dançar também”, comenta em meio a muitos pulos na cama elástica o pequeno João Lucas, de sete anos, logo após o final da apresentação do Backstage no Festival de Inverno de Bonito.
Mais que só música, estilo de vida
O hip hop é dança, é música, é comportamento. Hip hop é filosofia de vida, um jeito de tocar o dia a dia escolhido por Kadux há muitos anos e perpetuado após em Campo Grande, na escola, participar de um projeto de dança na qual o hip hop ganhou espaço. Dali, ele virou um agente difusor da ideia e há sete anos está com o Backstage of the Soul. “Na tradução significa bastidores da alma, é aquele que acolhe. Todo mundo fala do espetáculo, mas não sabe o que acontece por trás”, explica.
“Vim de família que sempre curtiu muito o passinho. Sempre ouvi os clássicos, como James Brown, Madonna, e no projeto uni esses gostos. O hip hop vai além do DJ, do grafite. Quando eu danço, eu me solto, estravaso ali minhas energias, no palco”, comenta Kadux, que além da história do hip hop também fez um breve preâmbulo sobre o caminho do estilo em Mato Grosso do Sul. Nomes como DJ Magão e Mano Cley foram lembrados na introdução da apresentação.
Confira as fotos: https://www.festivaldeinvernodebonito.ms.gov.br/hip-hop/
Nyelder Rodrigues, Ascom FIB 2023
Fotos: Saul Schramm