Com “Rua de Passagem”, composição de Lenine e Arnaldo Antunes, Ney Matogrosso deu início ao espetáculo “Atento aos Sinais”, que encerrou a terceira noite do Festival de Inverno de Bonito. O artista, nascido em Bela Vista, foi o homenageado na edição de 2011 do FIB, quando apresentou o trabalho anterior “Beijo Bandido”. Segundo a organização, o público chegou a 10 mil pessoas. O local ficou pequeno para a quantidade de pessoas que foram acompanhar uma das maiores vozes da música popular brasileira.
“O Ney é o maior cantor do Brasil. Achei esse trabalho espetacular, ele não perde a força no palco”, afirma o cantor e compositor Geraldo Espíndola, que acompanhou a apresentação de perto. A escolha de repertório une compositores contemporâneas como Criolo, em “Freguês da Meia-Noite”, e Dani Black, em “Oração”, a consagrados como Paulinho da Viola, em “Roendo as Unhas”, entre outros. No palco, Ney oferece seus melhores artifícios: dança, troca de figurino, provoca a plateia.
Apesar da dificuldade que parte do público teve para encontrar um lugar de onde assistir o show, a praça permaneceu lotada até a última canção. Entre os momentos marcantes, a interpretação de “Poema”, composta por Cazuza, de quem Ney sempre foi próximo. Ao final, “Ex-amor” fechou o show em alto astral, com um samba que fez o público dançar.
A passagem de Ney Matogrosso por Bonito também foi marcante. Na manhã de sábado, o músico passeou pela Praça da Liberdade e visitou a Tenda dos Saberes Índigenas. Lá, foi homenageado por etnias como os Kinikinau, os Atikum, os Ofaié, entre outros. “Eu recebo esses presentes com um prazer enorme”, afirmou o cantor, que participa da campanha “Demarcação Já”.
Ao contrário de outros artistas que apresentaram-se no FIB, Ney fez a passagem de som com as cortinas do palco aberta. “É uma palinha e tanto, né”, afirmou o comerciante José Veiga, de Jardim. O cantor testou o som, cantou trechos de algumas canções e cumprimentou a plateia. Foi a oportunidade de ver o artista trabalhar, preocupando-se criteriosamente com o som do palco. “Atento aos Sinais” é o trabalho de maior longevidade de Ney Matogrosso.
Segundo ele, já são quatro anos e meio de turnê. “Eu vou continuar fazendo esse show enquanto fizer sentido. Quando acho que ele está acabando, surgem novos convites e os espetáculos estão sempre lotados”, afirmou na coletiva de imprensa realizada na véspera do show. Com a energia que o músico demonstrou no palco, parece que o trabalho ainda contará com mais algum tempo de circulação pelo Brasil.
Reportagem: Thiago Andrade
Fotos: Eduardo Medeiros