No palco da Caixa Cênica, o som dos últimos suspiros ecoa o pedido de socorro vindo de muitas vítimas. No Brasil, a cada 4h uma mulher é violentada. Os dados refletem um país machista, que enxerga mulheres como “propriedades”.
No mês dedicado à intensificação das campanhas de enfrentamento à violência, conhecido como Agosto Lilás, o espetáculo “Silêncio Branco” grita a temática. É o grupo Ginga Cia de Dança que traz à tona o que as manchetes policiais noticiam todos os dias.
A apresentação começa com declarações. “Te amo, te amo, te amo”, e corpos que encontraram o solo após serem violados. Cenas que trazem as mais diversas fases e ciclos da violência.
No palco, Ginga escancara as faces de todas as violências sofridas pelas mulheres deste País. (Foto: Marithê do Céu/Ascom FIB)
Para criar o espetáculo, a companhia mergulhou num vasto processo de pesquisa reunindo o elenco no entorno do contexto de violência. Sob direção de Chico Neller e pesquisa de Gilbas Pive Junior, o grupo leva ao palco as agressões físicas e emocionais impostas ao feminino. E que, claro, arranca reações de angústia da plateia.
“São cenas muito fortes, mas que precisam ser trazidas para a conversa, precisam ser mostradas para que outras mulheres se sintam encorajadas a denunciar”, comenta a também bailarina e professora de ballet, Isadora Pantarotto. Vinda de Campo Grande, a jovem veio ao Festival de Inverno de Bonito para apreciar a música e arte.
“É um tema que precisa ser falado, e a arte pode salvar quando a gente assiste um espetáculo e vê as diversas formas de violência contra a mulher, que não é só física, é emocional, é sexual”, completa.
Na plateia, era nítido desconforto que as cenas provocam, e como a arte nos traz à reflexão. (Foto: Marithê do Céu/Ascom FIB 2023)
Confira as fotos: https://www.festivaldeinvernodebonito.ms.gov.br/danca-silencio-branco/
Paula Maciulevicius, Ascom FIB 2023
Fotos: Marithê do Céu